sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Palavra

Palavra abrupta,
Expulsa a ferro da goela
Palavra imunda,
Nascida de uma fecunda espera

Palavra
Sentida
E ressentida
Diluída, dissolvida
Na mágoa do acontecimento.

Palavra não-dita
Falada, escrita,
Imaginada, rascunhada
E pintada
De uma única cor.

Palavra amarela, azul e lilás
Pueril amparo,
Calma voraz...
Que não volta.

Gosto amargo de despedida e dor

Bendita e maldita palavra
Invisíveis grades, prisão de alma
Gosto suave
De angustia e acalma...

Ria
chamá-la, fitá-la, nomeá-la, saboreá-la
evita-la e contempla-la


Chama

ria de AMOR






quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Idem Sentire


Tudo no tempo
Reverbera teu encanto
Tudo o que toco
Reverbera o meu espanto
Seu cheiro repousa
Escondido pelos cantos
Da casa
Ausência de ti
Impera em mim
Como asa
Quebrada de beija-flor.
E eu, que nunca imaginei sentir
Desta maneira
Miro a dor do outro lado da sala.
E escorre densa e negra
E sobre mim se instala.
Oco de mim é tua falta.
Angústia de perder-me por ai.
Tua ausência trescala
Aroma de saudade
Reverbera a novidade
Do velho amor
De sempre.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Dor de dó

Edvard Munch , modelo perto da cadeira.



Cheiro de dor enevoando tudo,
Aspiro de vez o mundo, desejo
Mas trago e só acho
Dor de dó em doer mais fundo

E apenas o vazio se instala

Tiro o olho do buraco
O fato se anula, e dói
O ato dissimula de si
Branco, do azul separa

Um caco, um pedaço
De uma oca quimera
Ah, quem dera!

Aproveito os restos,
decomponho os fatos
Incrédula
Somando os raios de sol
Que invadem a madrugada

Com as lágrimas que despejo
Vaga lembrança
Rego o solo do desassossego,

no ensejo

Dor de doer
E mais nada.