quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A flor e o asfalto


Depois de muito tempo uma flor amarela nasceu no asfalto em frente a minha rua. Da janela vejo a flor, de haste muito fina, firme a contorcer-se em meio à brisa leve. Quase desprendida, mas leve.

Depois de muito tempo a flor compreendeu a solidão dos asfaltos e a rigidez do tempo. Da janela vejo a flor, resiliente, a se ferir com as pedrinhas que a cercam.

Toda vida é banhada por sofrimentos, toda flor um dia nasce no asfalto.

Da janela vejo a minha vida que se reconfigura em flores, asfaltos, espaços vazios e esboços de solidão. É assim que a gente cresce, é a assim que a gente escreve com carvão e cinzas a nossa própria história. Sem esquecer que da flor também emana perfume e é preciso estar atento para senti-lo, para senti-la.

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