quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Interrogação

Maxfield Parrish, Aquamarine, 1917

Não, a minha dor não cabe no poema
Ela escorre por entre os versos, por entre as palavras
Por entre as letras e se derrama em lágrimas
Que molham o papel.

Não, a minha dor não cabe em mim
Rasga-me o peito, quer sair,
Quer explodir por entre os soluços,
Os gritos, os suspiros e o sonho.

A minha dor não cabe e
Se expande em desespero,
Não sou mais eu , é outra
Envolta nas névoas de um abandono.

A minha dor não cabe nas horas
Do dia que se arrasta,
Insiste,  nefasta
Corrói a minha alma,
E me faz trapo humano, pedaço de nada
A espera do tempo passar.

A minha dor não cabe em mim.
O que eu faço com uma dor assim ?

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