domingo, 25 de dezembro de 2011

Perfume

Waterfall, Maxfield Parrish, 1930. 





Teu cheiro ficou entranhado na cama, na casa,  na alma,
em todos os recantos e cantos.

Teu cheiro ficou perdido por baixo de meus cílios, 
envolto nas lágrimas de meu desespero
Teu cheiro ficou em minhas narinas, em minha pele, num recôndito lugar
Onde teço a minha saudade silente.

Teu cheiro me invade, me compele a chorar novamente
Teu cheiro é gosto amargo
De uma manhã incerta, de um amanhã que não chega,
de uma interrogação acesa,
Pairada na porta de um sonho.

Teu cheiro relembra o meu abandono
Aponta para a minha cama vazia,
Teu cheiro é paradoxo, suplício e alegria
Descontentamento e angústia.

Teu cheiro em minhas narinas evoca
a dor da presença que o amor ausencia.
Teu cheiro me acalma,
Teu cheiro me vicia.
Acalenta-me para dormir nas noites insones.



Teu cheiro é perfume.


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