segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Saudade



Nunca eu entendi de forma tão plena o significado desta palavra como entendo agora.  Todas as letras, sílabas, formas, sons do seu significado, marcam cotidianamente a minha mente e o meu coração. Todos os dias ela se repete entrando como o sol pelas frestas da janela. Tudo evoca a sua presença. E de uma forma tão plena, tão forte, tão marcante....Tudo dói, tudo é falta, mas a falta mais pungente não é bem do afeto de amantes, dos beijos tão nossos, do seu conforto ao dormir em meu braços como que enroscada em um ninho. O que eu sinto mesmo mais falta é da sua amizade. Da possibilidade de compartilhar com você todas as coisas, sentires, sons, gestos, dúvidas. Da sua escuta, do seu olhar que não dizia nada e ao mesmo tempo me abraçava. De saber da sua vida, de te dar força para que você caminhe sempre em frente. De te ajudar a caminhar. De te carregar no colo e ouvir você me dizer que ao meu lado havia segurança e força contra as coisas difíceis da vida. Sinto falta de te contar as novidades da minha vida, da vida dos outros. De rir das besteiras, dos tipos e tipos engraçados que víamos pelas ruas. De falar sobre a sua família, sobre a minha família. De desatar laços antigos num desabafo, de contar segredos. De ver uma música, um filme, uma frase e imediatamente te mostrar. De te mandar um e-mail. De te  ligar para dizer que na quarta ia passar Carpinejar no programa Provocações, ou te contar num súbito grito de alegria que será lançado um filme sobre a vida da Clarice, mas que não é bem a  Meryl Streep  que vai ser a protagonista. Saudade de saber o que você almoçou, se os seus pontos cicatrizaram mesmo, se você está maneirando na academia. Saudade de tirar as suas dúvidas, ser sua eterna professora. Saudade de ser sua amiga. E pensar ainda: Será que você sente saudade também? Não sei. Fiz uma escolha difícil ao estar longe,  porque no meio de tanta dor, nem sei o que dói mais. Mas o tempo tudo desbota e você, que gosta tanto de contar o tempo, de marcar em datas e números o que não se quantifica, deveria saber disso. Não quero ser um retrato amarelado no fundo de uma caixa velha. Uma lembrança perdida no fundo de uma gaveta. Uma vaga lembrança de um amor que não deu certo. E vejo o tempo desbotando tudo, levando os sonhos, esperanças, promessas e planos. Sinto a névoa do tempo apagando até mesmo as lembranças, a saudade. Sinto-me sendo para você esta velha lembrança, esta bruma, este papel amarelado. Este amor de ontem , sem passado e sem futuro. 

2 comentários:

Karla disse...

Obrigada pela visita, tbm, Ilmaralina. Meu email é karlakatiani@gmail.com

P.S.: não consegui achar o seu perfil no skoob...

Karla disse...

ah e sobre o meu texto, pode postá-lo, sim. ^^